A música como escuta da natureza: a Raga indiana e o toque da viola Rio Abaixo

Descrição

Realizamos um vídeo-oficina trazendo uma reflexão sobre as conexões entre a música da Raga tocada na Sitar indiana e a música tocada na Viola em "rio abaixo", no sertão de Minas Gerais. O vídeo contém uma palestra em diálogo entre os músicos e pesquisadores Adriano Michalovicz e Luis Henrique Mioto, onde dialogaram e apresentaram trechos de filmes, músicas, imagens e citações de obras reflexivas. Há dois anos temos estudado e refletindo acerca dos elementos em comum na forma musical da viola "Rio Abaixo" executada pelos violeiros na região norte de Minas Gerais e da música indiana na região do norte (música Hindustan) com o Sitar indiano. Percebemos relações tantos na estrutura objetiva (afinação aberta, tonalidade, ênfase melódica) e estruturas subjetivas na forma de pensar e fazer música, por exemplo: a observação dos elementos e mudanças na natureza e formas de expressar em música, transmissão de histórias e narrativas sobre a vida cotidiana e acerca de temas espirituais. A cultura da Índia se preserva até hoje muitas suas escrituras e tradições, um exemplo é a escritura Sama Veda que contém os mais antigos escritos do mundo sobre a ciência musical e constituem a base da música clássica Indiana. Neste vídeo-oficina apresentamos uma introdução ao que seria a ‘Raga’, termo tão complexo dentro da cultura indiana que em sua abrangência vai além de ser entendida apenas como um tipo de música ou escala musical, buscando discutir um pouco desta complexidade, cada Raga tem um período do dia para ser interpretado, estação do ano, está relacionada a determinado elemento da natureza, animal, emoção, entre outros simbolismos, etc. Já a viola tocada na tradicional afinação chamada "Rio Abaixo" (em Sol maior) é aqui analisada a partir das músicas do violeiro Manoel de Oliveira, o Seo Manelim, morador da região do rio Urucuia (norte de Minas Gerais) e que compõem e toca a partir da escuta atenta dos elementos da natureza (como o rio, o vento) e dos animais do mato do sertão (os pássaros, sapo, veado). O "Rio Abaixo" não é apenas uma afinação, mas um modo de sentir-se junto a natureza, ouvir atentamente os animais e os sons do mato, tocar junto com a natureza. Na parte final do vídeo tocamos uma música executada no diálogo entre viola caipira e sitar indiana. Essa reflexão é importante para ampliarmos a percepção dos limites da fruição musical, buscamos mostrar que existem formas de criação e vivência musical que aprofundam a conexão com a natureza, músicas que surgem da escuta do ambiente em que se vive e sendo assim músicas que emanam de um estado de meditação e atenção introspectiva, tanto na Índia quanto no sertão brasileiro. Ocidente e oriente se encontram na música contemporânea. Integrando conhecimentos ocidentais e orientais, antigos e modernos, expandimos conceitos estéticos e conceitos acerca da música e da vida. Nossa pesquisa aqui apresentada passa pelas disciplinas da Etnomusicologia, História da Música e Musicoterapia.

Artistas

Pesquisa por Adriano Michalovicz e Luis Henrique Mioto. Edição de Vídeo: Luis Henrique Mioto.

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