Descrição

A proposta de apresentar retratos em forma de  foto performance, aliada a textos críticos ou reflexivos, advém do desejo de mostrar o trabalho que emerge das diferentes formas de pensar a arte e o corpo negro. Ora visto como fonte de desejo, ora discriminado por encontrar-se em uma lugar de "não-lugar" nem tão preto e não branco. Com isso, pensamos numa forma de expressar a reclusão que desaba sem aviso sobre a humanidade, comum pé no afrofuturismo, mas sem militar diretamente pela cor, mas expressando sensações e sentimentos gerais, através da imagem e da palavra que em alguns momentos se mesclam e em outros se distanciam, mas refletem uma história que precisa ser vista. contata e (re)contada. Em auto(re0tratos vulneráveis pretende-se expor uma ferida que se vê, e muito é ignorada. As questões sociais, de gênero, de cor e principalmente de cuidados consigo e com o outro. Até que ponto somos grupo de risco ou vulneráveis? Somente agora nessa para mundial pensamos nas questões de cuidados e percebemos que somos frágeis? E antes disso como utilizamos a arte para provocar reflexões sociais? São questões que entranham a couraça muscular numa geografia do corpo e se engalfinha com a mente numa batalha psicológica. E nesse momento Freud, Focault e Habermas travam diálogos épicos entre a psiquê o comportamento e a  filosofia políticas das esferas públicas. Ou o corpo não é tudo isso, contido num intrínseco universo minuciosamente preparado para abrigar as mais diversas teorias complexas e emaranhados celulares? Assim autoretratos pretende mergulhar nessas questões, através de imagens, cores, palavras faladas e caladas; permeia a sutileza de símbolos que remetem ao que vivemos descaradamente à realidade flertando com a arte imagética da vulnerabilidade que ultrapassa corpos ou a própria imagem. É real, cruel e mata muito.

Portanto eis auto(re)tratos de um corpo negro fazendo arte, querendo fazer parte e dizendo cuide-se, cuidem-se; somos todos pertencentes a um planeta que ainda é habitado por espécies vulneráveis.

Autor

Zylipe