Tudo o que a Boca Come
Descrição
O Tudo o que a boca come que é um projeto fotográfico documental contemporâneo com 10 imagens sobre as relações entre comidas tradicionais afro brasileiras e os costumes alimentares de grande parte da população brasileira. O projeto de pesquisa e elaboração das imagens começa em 2012, porém, é necessário contextualizar que em 2007 as Baianas do acarajé, símbolo da cultura brasileira, receberam o titulo de patrimônio imaterial pelo Iphan. Este titulo trouxe uma serie de regulamentações sobre o preparo e venda do acarajé, sobre o tabuleiro e sobre as vestimentas da Baiana. O tudo o que a boca come surge a partir de uma nova prática com relação ao oficio da Baiana, onde: algumas pessoas que não pertenciam as religiões de matriz africana passaram a vender o acarajé como bolinho de jesus. O caso teve grande repercussão jornalística e também jurídica fazendo com que o titulo de patrimônio imaterial fosse colocado em "cheque". No vídeo utilizado para a mediação deste projeto, Miriane Figueira conta um pouco sobre como ele começou, como foi o processo desenvolvimento e expõe as obras. A artista conta ainda um pouco sobre como as receitas dos alimentos contidos nas obras estão sendo preservados há muito tempo pelos praticantes de religiões de matriz africana, e traz um de seus principais referenciais, o livro: "Acaçá - Onde tudo começou. Histórias vivências e receitas das cozinhas de Candomblé" do Pai Cido de Osun. É importante lembrar que a sabedoria popular adaptou muitas destas receitas, fazendo com que estes alimentos se tornassem parte da cultura e tradição. Levando em consideração que o os saberes nas religiões de matriz africana é transmitido pela oralidade, logo, fluído e resinificado constantemente, esse projeto tem a intenção de preservar a memória. Diferente de projetos documentais clássicos que tem uma grande responsabilidade com a verdade/documento. O projeto Tudo o que a boca come assume um papel de documental imaginário uma vez que tem como objetivo: levantar questionamentos para fomentar a discussão sobre a preservação da memória ancestral afro brasileira e sua importância para a nossa cultura. Não há a intenção de trazer respostas definidas, uma vez que a cultura não é estática além disso esse projeto pode ser uma ferramenta fundamental para enriquecer o conteúdo de cultura e história afro-brasileira, amparada pela Lei 10639/03. O vídeo está legendado visando o acesso e a inclusão de pessoas com deficiência. REFERENCIAS: Dossiê Iphan. Ofício das Baianas de Acarajé. Brasília, DF: IPHAN, 2007. EYIN, Cildo de Osun. Acaçá. Onde tudo começou. Histórias, vivencias e receitas das cozinhas de Candomblé. São Paulo: ARX, 2002. LOMBARDI, Katia Hallak. Documentário Imaginário: reflexões sobre a fotografia documental contemporânea. Discursos Fotográficos, Londrina.
Autor
Miriane Figueira
Local de apresentação
Curitiba