Samba de uma noite de verão

 

Desde que o samba é samba é assim: um povo diverso cadenciando em sincopadas batidas o ritmo do próprio coração. A melodia brota natural no salto das mulheres, nos passos malemolentes do sapato branco, no assovio descomprometido do matuto. Há sonoridade no choro das crianças, no latido dos cães, nas ave-marias, nos orikis. A Língua Portuguesa, adornada por ecos tupis e nagôs, chama-se brasileira, escorre da boca em versos prosaicos, em falas musicais. No carnaval, no dia santo. Na santeria que rima Jesus de Nazaré com os tambores do Candomblé.

Um país ideal, tantas vezes (e quase sempre) irreconhecível nos abismos cotidianos da violência urbana e dos descalabros políticos. Mas que está aquém e além do presente, gestando e reproduzindo a nação que lega ao mundo a visionária miscigenação.

Samba de uma noite de verão mergulha nos oceanos da nossa cultura e nas matrizes que a forjaram. O que nos fez e o que faremos com o que foi feito de nós?

Tentei responder poeticamente a essas perguntas por meio dos sotaques e das canções deste musical. Na construção dramatúrgica, o cuidado sempre presente em conceber metáforas do Brasil numa perspectiva universalizante: a partir de tipos tupiniquins, de deuses africanos e de personagens clássicos de Shakespeare – figuras que já são quase arquetípicas no percurso do drama mundial e que ganham roupagem original nesta reescritura. São recorrentes ainda as referências à música popular – nossa manifestação artística mais potente, herança vigorosa da oralidade.

 

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