O nome das coisas
Descrição
A ligação entre palavras e coisas é estranha: existem coisas que nós nomeamos e que não são. Há coisas que não são e não tem nome. Existem coisas que são mas não existem. Há coisas que não são e tem nome. Há coisas que são mas que não tem o nome que é necessário. Há coisas que são e não receberam nomes.
"O nome das coisas" é uma peça escrita a partir das relações entre a atriz Mariela Lamberti e sua irmã caçula que se percebeu travesti Lua Lamberti. Elas tem 10 anos de diferença de idade e foram aprendendo como lidar com as mudanças de nome, de corpo, de roupas e de afetos. "O nome das coisas" é, de certa forma, um acerto de contas e um pedido de desculpas. Mas é também um intenso questionamento sobre a necessidade que temos de nomear coisas, pessoas e experiências.
O texto foi escrito por Lígia Souza a partir de relatos da atriz Mariela Lamberti. A relações que as duas irmãs viveram ao longo da infância, juventude e idade adulta é o estopim para pensar processos de transformação, das pessoas e das palavras. A peça faz um paralelo entre o processo de troca do nome social pelas pessoas transgênero e as milhares de transformações que o significado das palavras vão sofrendo ao longo do uso cotidiano. A dramaturga desenvolveu jogos de linguagem a partir do conceito de nomeação de dois filósofos, Santo Agostinho e Ludwig Wittgenstein, defendendo que o processo de nomear coisas tem mais a ver com processos coletivos de significação do que com indicações prévias, consolidadas. Nessas transformações, dinâmicas de movimento da vida, vamos acompanhando também a mudança na relação das duas irmãs, refletindo sobre configurações familiares e sociais, simultaneamente.
Autor
Lígia Souza de Oliveira