Descrição

O Coletivo Duas Marias, desde sua criação, trabalha com a poética de crítica à condição da mulher no contexto da sociedade atual. As artistas pesquisam o ser feminino histórica e culturalmente, buscando compreender como determinados costumes de diferentes épocas culturais, interferem na maneira como a mulher é interpretada pelas sociedades atuais. As artistas inspiram-se principalmente na mitologia. Nas culturas mais antigas as divindades eram femininas, como a Vênus de Willendorf, cerca de 5 mil anos atrás. A filósofa francesa Elizabeth Badinter explica a supremacia feminina a partir do que teriam sido as relações entre homens e mulheres do neolítico: os homens do neolítico dedicavam-se à criação de rebanhos e à agricultura. Já não era necessário arriscar a vida para sobreviver. Nesses tempos relativamente pacíficos, em que a força bruta não contava tanto como fator de prestígio e as diferenças sociais entre os sexos se estreitavam, é bem possível que deusas – e não deuses – tivessem encarnado as principais divindades da cultura neolítica. Na obra Nós, o Coletivo Duas Marias destaca o preconceito contra as mulheres, tanto na obrigatoriedade do uso de vestes que às escondem enquanto indivíduos e às apagam sexualmente, como na intolerância das pessoas de outras culturas, que às julgam gratuitamente. Apesar da obrigatoriedade de se esconderem atrás do vestuário, suas atribuições, seus deveres e postura são os mesmos das outras mulheres do planeta. Em todos os tempos e todas as culturas o ser feminino sempre foi subordinado às leis criadas por homens para mulheres. A obra do Coletivo Duas Marias é composta por fotografias performáticas instalações e vídeos. Escolhido seu objeto de análise, as artistas criam um personagem, providenciam espaço e figurinos adequados. Uma das artistas realiza a performance enquanto a outra fotografa/filma. A seleção/edição das imagens é feita novamente em conjunto. 

PARA MAIORES DE 18 ANOS