Descrição

Jean-Pierre Vermant em La Travesee des fronteires, diz: "Para ver a si mesmo, é preciso se projetar em direção ao que é estrangeiro, para se estender por dentro e por ele. Ser preso na identidade é perde-se e deixar-se de existir. Nós nos conhecemos, nos construímos por contato, troca e comércio uns com os outros. Entre as margens do mesmo e do outro, o homem é uma ponte." O presente projeto apresenta a gravação de um show da música "MinangaSamba", composta por Mateus Ferrari, artista curitibano, durante experimentos musicais no Instituto de Artes da Indonésia em Padang Panjang (Ilha de Sumatra) em 2018 e apresentada no Sawahlunto International Music Festival 2018, um dos mais importantes festivais de música da Indonésia. Através da bolsa Darmasiswa, ofertada pelo governo da Indonésia, tive a oportunidade de fazer uma residência nesse país tão rico artística e culturalmente, na qual estudei os conceitos e instrumentos da música tradicional de Minangkabau, a cultura do povo de Sumatra Ocidental. A música dessa cultura é caracterizada por uma orquestra composta por flautas com timbres específicos (uma delas, chamada de saluang), talepongs (instrumento tradicional local) e percussão (principalmente o tambor). Mateus e alguns professores do departamento de música do Instituto, promoveram diversos encontros musicais onde improvisávamos melodias e ritmos baseados no samba brasileiro. Destes encontros nasceu a música "MinangaSamba", uma fusão entre o samba brasileiro e a música tradicional da etnia Minangkabau. Além dos professores, foram incluídos no projeto alguns alunos do Instituto, interessados em ampliar seu horizonte musical e experimentar a música brasileira. Essa ação tinha o propósito de trabalhar o que Richard Schechner (2012) define como Interculturialismo horizontal: diferentes culturas se confrontando, buscando suas possíveis interfaces e trazendo a possibilidade de reflexão sobre "O Outro". Por se tratar de uma ação singular, a difusão dessa obra é de grande relevância para a sociedade que poderá reconhecer nossa identidade relacionada à uma nova cultura pouco difundida no ocidente. Vale ressaltar, que não há nenhum artista paranaense que teve a oportunidade de imergir nessa cultura e trabalhar o intercâmbio de uma maneira tão direta e colaborativa.

Autor

Mateus Ferrari

Artistas

Composição: Mateus Ferrari Violão - Nurkholis (Indonésia) Clarinete - Imal Yakin (Indonésia) Violoncelo - Ari Puswanto (Indonésia) Saluang - Hamidun (Indonésia) Percussão - Mateus Ferrari