Manual de bolso das trivialidades ácidas

 

Com muita tristeza percebo o quão atual é este livro. Contemporâneo, necessário, urgente. Infelizmente, um livro tão eterno que poderia ter sido escrito dois séculos atrás. E qual não seria a sociedade hoje se livros como este fossem publicados e lidos há dois séculos? Perdi-me pensando onde estariam os homens de hoje se séculos atrás tivessem aberto livros assim, combativos, escritos por autoras livres e fortes; e me reencontrei dentro desta obra pensando onde estarão as mulheres dessas literaturas.

Entretanto, se é com sangue que se escreve, é também com sangue que se lê. As autoras nos exigem paixão, coragem e força pra ler o que está escrito, assim como lhes foi exigido paixão, coragem e força pra escrever o que lemos. O que os leitores e leitoras encontrarão nas próximas páginas são escritos viscerais, materializados por duas das mais profundas escritoras que conheço, que mudam o nosso jeito de entender a literatura e mudam nosso jeito de entender o mundo.

Quem começar a ler este livro, certamente não o deixará pela metade. E quando finalizada a leitura, o misto de sentimentos transitará entre a esperança e o desconforto. Desconforto porque o exposto nesta obra está umbilicalmente ligado à realidade, a histórias verdadeiras, a angústias, dramas, abusos e crimes que são reais, que atravessam como uma adaga a vida das autoras e de suas personagens, tão vivas. E esperança, claro, porque as autoras deixam claro sua inconformidade, seu não comodismo, sua insatisfação. E esse sentimento de mudança - que em mim se manifestou através da raiva - consome quem lê os trechos aqui compilados.

Como o próprio nome da obra deixa claro em dois tempos; este livro é um manual de bolso e um atentado ao silenciamento. É pra ser carregado pra cima e pra baixo, seja dentro do bolso ou fora dele, derramando trivialidades ácidas pelo dia a dia e despindo sem pudor a realidade. E é um atentado ao silenciamento porque é uma baioneta. Este livro é uma arma, se bem utilizado. Entre bons sorrisos, suspiros profundos e momentos de angústia e reflexão, o Manual de bolso das trivialidades ácidas é um trânsito constante entre o afago e o desconforto. Sua escrita e leitura são, acima de tudo, essenciais.

 

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