Maafa

Descrição

O presente projeto destina-se a divulgar o vídeo "Maafa", poesia escrita e encenada por Kamylla dos Santos. Maafa é um termo suaíle* que significa "grande desastre" e foi utilizado pela antropóloga Marimba Ani** para descrever os processos de escravização, colonização, encarceramento e genocídio do povo negro, tanto no Brasil como em outros territórios. O poema traça a rota que os negros fizeram ao sair da terra mãe, continente africano, até o Brasil, sequestrados em navios negreiros, desembarcando no país para servir a população branca.
A construção de "Maafa" inclui música e dança no roteiro. O vídeo, produzido de forma individual e gravado durante o isolamento social, foi construído com a divisão de duas cenas: uma em que a artista toca o djembê e outra em que interpreta, canta e dança o poema. A parte musical apresenta ritmos de estrutura africana e afro-brasileira, como o jongo. As danças escolhidas tem como base danças dos orixás e o jongo. O figurino foi composto com o uso de elementos afro, como o turbante e o vestido proveniente do continente africano (Guiné). As cores escolhidas - verde, preto e vermelho representam o panafricanismo.
O poema finaliza enfatizando os saberes africanos que foram preservados, mesmo com a privação da liberdade física, e que sustentam até hoje o povo negro na diáspora: as contações de histórias, o toque do tambor, a circularidade da roda. "Maafa" é um poema histórico, que apresenta subjetivamente elementos de força e vitalidade para os africanos em diáspora, criando também um espaço de representatividade.
O projeto justifica-se pela pertinência de ações afirmativas que abranjam a população negra, aproximando e desmistificando o continente africano, enfatizando suas riquezas e contribuições para o mundo. O Brasil tem a maioria da população afrodescendente e ao mesmo tempo é um país extremamente racista, com estatísticas que comprovam que os jovens negros são os mais afetados pela violência (segundo o Atlas da Violência do IPEA)***. É urgente criar espaços em que a população negra, sobretudo as crianças e jovens, se vejam representados e o preconceito seja revertido em conhecimento e valorização.

Autor

Kamylla Paola dos Santos

  • Maafa