Inunda, Céu do Rio Vermelho
Descrição
"INUNDA, céu do Rio Vermelho" é uma narrativa híbrida, um romance que se desenvolve a partir de textos poéticos e ilustrações autorais, publicado de maneira independente em 2018. Foram feitas duzentas cópias de um livro inteiramente serigrafado e encadernado manualmente para o lançamento e distribuição, como consequência de um financiamento coletivo.
Em 2016, a partir da referência dos processos de criação do dramaturgo francês, Valère Novarina, que cria suas dramaturgias em paredes como se fossem grandes quadros, Conde Baltazar reuniu cerca de 500 fragmentos, entre textos, ilustrações e poemas retirados de seus cadernos e skechbooks, para assim, inspirado por Novarina, se utilizar do mesmo processo: construir uma dramaturgia em um grande quadro branco (parede).
Em um primeiro momento, as ilustrações e os textos foram entendidos pelo autor como pequenas fotografias imagéticas com múltiplas possibilidades de conexão. Assim, Conde começou a organizar esses extratos em uma linha narrativa de maneira intuitiva, dando início a construção dramatúrgica em uma extensa parede de seu ateliê. Os excertos foram colados na parede com fita crepe, possibilitando um fluxo na organização e reorganização (retirar e colar novamente) dessa "dramaturgia vertical".
Durante este tempo de amadurecimento e reconhecimento do enredo, o autor foi acrescentando outras peças, para dar forma a narrativa que estava sendo lapidada. Nesse ponto, INUNDA se torna um romance, com personagens, um turning point, uma linha temporal e uma trama, só que diferentemente de um romance clássico, desenvolvido em prosa, INUNDA conta sua história através de textos poéticos e ilustrações.
O texto narra uma história clássica de amor; uma pessoa que está sozinha, encontra alguém, passam a noite juntos, se separam, há uma espera e se encontram novamente. Pela simplicidade do roteiro, muito bem conhecido, o autor propôs um jogo imagético-poético desta situação cotidiana, que através de desenhos e poesia, tornam as compreensões e desdobramentos mais acessíveis, individuais e profundos.
O livro é uma peça "tátil" pelas suas múltiplas possibilidades de entendimento que o leitor pode ter diante da obra. A ilustração tem a capacidade de revelar significados outros, deixando espaços vazios de compreensão, convidando o interlocutor a interagir ativamente de forma imaginativa junto ao enredo. Assim também é a escrita poética, cujo objetivo não é explicar, mas, criar sensações, imagens amplas, tornando a obra, assim, uma "colcha sensorial", instigando o leitor a participar da narrativa não somente através das ferramentas racionais do corpo, mas também, com o propósito de ativar zonas sensórias e emocionais em quem lê.
Autor
Alexandre Zampier dos Santos Lima