Flores

Descrição

O filme Flores nasceu como fruto de uma parceria entre a proponente Paula Negri e Marina Cananda: a primeira, diretora e roteirista, a segunda, atriz com forte presença em tela. Ao todo até o momento, foram realizados três filmes de ficção e um documentário com a direção de Paula e atuação de Cananda, que se caracterizam, de maneiras bastante distintas, como filmes em que o trabalho em conjunto é harmônico e complementar na junção do par. Flores, o filme em questão, é especial nesse contexto pois é o trabalho de maior intimidade entre a diretora e a atriz. Com pouca equiparação, ambas exploram a cidade de Curitiba, Marina guiando, numa intoxicação romântica que termina por ser consumida, literalmente, pela atriz. Christofer Pallú, em 2020, escreveu sobre o filme: "Ouvi um pastor dizer um dia: "Tudo do que preciso eu já tenho à mão!" E Flores é um desses raros filmes que desbravam com as mãos, vê com elas, cria com elas. Manifesta e manipula a matéria bruta. Depois pode digeri-la, num carreiro rumo a intoxicação romântica. São flores de formas variadas que num ponto, digitalmente sangrando, viram cor pura, abstrata e aberrante, que vão retomando seu volume, sua textura e seu corpo no contato com a estrela, que em sua flana se aliena da cidade, posta num espaço fechado onde consome o que extraiu dos muros e calçadas, dum ambiente que ela relega à margem, mas segue existindo como um lasso eco na trilha sonora." O filme Flores é simples em sua ideia e realização (Marina colhe flores e as come) e narrativamente se torna interessante esse aspecto que se transfigura em uma mistura paradoxal de leveza, foco e dispersão, com o caos urbano ecoando ao redor pelo som dos carros, em contraste com o canto dos pássaros e o vento. Com o trabalho posterior de colorização, as cores das flores saltam aos olhos, saturadas, e se tornam o objetivo principal do filme, o que concentra o olhar, da mesma maneira como são procuradas por Cananda no trajeto. Dentre os filmes realizados na parceria, Flores é o filme mais independente e de equipe mais sucinta, trata-se de um trabalho de exploração da cidade, de descoberta daquelas ruas e esquinas, tendo sido filmado no verdadeiro ato primário de encontro com aqueles arbustos e flores, que não haviam sido previamente escolhidos. A diretora, com a câmera na mão, segue discreta, sem no entanto esconder sua participação, com o corpo que balança e o olhar interessado, quase uma extensão de Marina naquela caminhada. Paula atua como diretora e roteirista em Curitiba desde 2014, quando realizou seu primeiro curta-metragem. No momento continua atuando na área audiovisual, com o filme Amor em Agosto, em fase de pós-produção, e um roteiro em desenvolvimento "Se Eu Morri", parte do projeto do longa-metragem "Ponta Grossa, eu não sei se te amo", a ser realizado em 2021. Texto de Christofer Pallú sobre três filmes da parceria, incluindo o trecho citado sobre Flores: https://bit.ly/31tBNIO

Autor

Paula Negri e Marina Cananda

Local de apresentação

Curitiba

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