Descrição

Diante da crise mundial do Covid-19, a população passa por um período de isolamento social com o objetivo de atrasar o contágio do vírus e a superlotação nas unidades de saúde. Com drásticas mudanças de hábitos e atitudes de higiene pessoal, surge o documentário "Entre Telas" gravado dentro de um apartamento durante a pandemia. O primeiro questionamento iniciando o filme aborda o fato de "quem não está em casa". A quarentena no seu modo geral foi a maneira mais eficaz que o mundo encontrou do retardo da propagação da doença, mas em um mundo global onde a economia não pode parar vemos a mão de obra primária agindo normalmente, sendo assim, os primeiros a serem contaminados. A questão diante desse fato é, até que ponto a vida realmente não é apenas uma estatística? A onde as vantagens sociais criam abismos em diferentes níveis? Precisamos nos isolar, mas o mundo deve continuar suas funções. Com uma narração perturbadora e imagens do cotidiano essas questões encontram voz com o objetivo de conscientizar a população brasileira sobre os privilégios de quem pode ficar em casa. Lembrando-se que agora devemos cuidar de todos. A sanidade mental em meio a digitalização social pode funcionar como muleta para fuga de responsabilidades pessoais. O isolamento voluntário é uma decisão ética em uma população de classe média, quem vive nas periferias continua mantendo a máquina rodando. Ignorar essa grande parcela da população é fechar os olhos para a responsabilidade com as vidas dessas pessoas. Um grande ponto atualmente é o sistema de delivery, do qual muitos entregadores estão se arriscando para que uma grande parte da população possa evitar deslocamentos. Até que ponto isso é justo ou legal? Já que se contaminados param de trabalhar e param de receber, não tendo nenhuma garantia de estabilidade, mas a contraponto se não existirem, a população é obrigada a se deslocar até mercados, padarias, farmácias entre outros locais estando assim uma grande parcela vulnerável e amostra do vírus, aumentando o contágio. A realidade é que cada país toma suas próprias providências, "O Entre Telas" traz de maneira autobiográfica questionamentos da atitude humana, visando refletir sobre o coletivo e o individual. Diante do desconhecido devemos nos basear em fatos e assim concluir através de dados qual a melhor maneira de se lidar com esse acontecimento que mudou o rumo do mundo. Lidar com a reclusão é menos dolorosa com a arte, seja fazendo ou consumindo, expressando-se assim, uma ideia, ponto de vista de modo a se comunicar, questionar e confortar a população em momentos de isolamento.

Artistas

 Direção, Câmera, Áudio e Edição: Nanashara Scaravelli.