Do atlas ao cóccix

Descrição

A comunicação, visão de integração de experiências para além do físico, ou seja, "A Dança", possibilita liberdade de expressão e de reconhecimento, consciência corporal, compartilhamento de ideias, sentimentos e emoções. Todas essa ações influenciam o comportamento das pessoas e integram-as na sociedade, repercutindo na qualidade de vida. Quando se induz a comunicação através de dispositivos por conta do perigo de contagio que hoje experimentamos em relação a pandemia, se desenvolve um aprisionamento do corpo comunicativo e expressivo que fere a alma por assim dizer. Nesse momento se entende que o ser artista da cena, do palco e dos teatros tem seu trabalho e meio de comunicação suspenso por tempo indeterminado. Isso vai muito além de problemas socioeconômicos, os quais aqui são de suma importância, porém, não só se sobrevive, se vive. Devemos pensar em saúde mental, em harmonia com nossa morada, o corpo, onde existe a expressão corporal do artista, que necessita ser vista, necessita de plateia para ser de certa forma dignificada. Todo contexto da palavra "espetáculo" traz diálogo, reflexão, mudança, empoderamento e vitalidade. Importante dizer que não somente o artista em cena vivencia esses aspectos, mas a plateia também se beneficia, sendo essa a intenção na produção de um espetáculo. "Nem coisa, nem ideia, o corpo está vinculado à motricidade, à percepção, à sexualidade, a linguagem, ao mito, ao sensível e ao invisível"(Merleau-Ponty,1999,79) ". A obra "Do Atlas ao cóccix" traz uma narrativa em forma de dança contemporânea acerca dos maiores desejos de artistas da performance que hoje vivem fora dos teatros, trazendo uma reflexão ao público sobre o ser artista frente a pandemia que vivemos. Uma provocação sobre a fala expressiva que vem de dentro para fora, das vísceras a pele, e que necessita do calor da plateia, da luz cênica e da atmosfera que paira em um espetáculo. BIRDWHISTELL R. L (1985) considera que "apenas 35% do significado social de qualquer interação corresponde às palavras pronunciadas, pois o homem é um ser multissensorial que, de vez em quando, verbaliza". quando dançamos, evidenciamos uma ancestralidade do corpo que se move no espaço, uma perspectiva histórico-cultural, que deixa-nos entendê-la enquanto manifestação humana ancestral, tão antiga como as capacidades do homem para andar e correr (Portinari, 1989; Pasi, 1991; Nanni, 1998; Bourcier, 2001; Brown, Martinez & Parsons, 2006). "Do Atlas ao cóccix" quer aproximar o público para um reconhecimento da problemática atual no contexto da arte do movimento que promova diálogos sobre o tema.

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