Descrição

O presente projeto intitulado Audiolivro Qanah é um resultado sensorial a partir da dramaturgia de mesmo título, do artista Eduardo Ramos, em parceria com a atriz Amanda Leal e o maestro chileno radicado no Brasil há 10 anos, Paul Wegmann. 

Qanah traz em sua narrativa, a história de uma família que sofre com a perda do filho. As dores da mãe tentando compreender o que aconteceu e sua capacidade de abstração para lidar com o luto. O irmão que se apropria muitas vezes do filho ausente, confundindo sua personalidade com o que já não existe mais. E a figura de um homem, que ora conduz a narrativa, na tentativa de fazer a família encontrar fragmentos de memórias boas e ruins, ora incorpora a figura do filho desaparecido, que em algum lugar do espaço tempo, busca se comunicar. 

O dramaturgo Eduardo Ramos pesquisa o universo da temática família desde 2012, concretizando em espetáculos como MOMMY, inspirado no filme homônimo do cineasta canadense Xavier Dolan, e em 2019 concebeu Fedra em: O Fantástico Mundo de Hipólito, contemporizando a tragédia familiar de Eurípedes para os tempos atuais. Em Qanah, texto escrito em 2015, Ramos desenvolve uma estrutura dramatúrgica fragmentada, friccionando os mundos temporais das personagens, deslocando o passado para o presente e tornando mundo material da família em um campo etéreo, onde estes possam acessar a voz do filho que desapareceu. 

Para a construção e transposição da palavra para a fala e posterior gravação, Ramos convidou o maestro Paul Wegmann, para concretizar através do som, a materialidade dos lugares que as vozes habitam, gerando uma experiência sensorial do drama familiar presente na narrativa.

O Audiolivro Qanah pretende através de uma experiência sonora e espiritual, ampliar a capacidade de criação de imagens do espectador pela oralidade, em um mundo onde a imagem é massivamente presente e muitas vezes banalizada com o avanço da tecnologia. Qanah deseja transportar o público para dentro das relações desta família, para vivenciar as sensações de cada personagem, no encontro de uma experiência análoga às suas vidas, e de como o teatro pode se fazer presente, preservando sua potência presencial.  

A importância de abordar o contexto da família, temática esta presente em discussões por diversas áreas do saber, e os processos de como lidar com a perda, é o que torna este projeto relevante para encontrar junto ao público, outra possibilidade de experienciar intimamente, as sensações e pensamentos das personagens apresentadas.

Autor

Eduardo Ramos Gonçalves