Bukabog Prelúdio

Descrição

Bukabog é um projeto de música experimental criado em 2017 por Guilherme S Guinski. Com instrumentos musicais de criação própria e manipulação de efeitos, constrói atmosferas e paisagens sonoras pela justaposição e sobreposição de texturas audiovisuais a partir dos conceitos de indeterminação em relação à performance criados por John Cage. Com esta proposta, Bukabog vem desenvolvendo pesquisas e montagens sonoras utilizando-se de processos dadaístas para composição de peças sonoras e audiovisuais. Guilherme realizou suas próprias filmagens buscando ângulos, texturas e movimentos de luz e sombra da vida natural em sua própria casa, finalizando com edição e montagem inspiradas no cinema dadaísta de Fernand Léger e Hans Richter para criar a presente obra digital BUKABOG - PRELÚDIO.

O vídeoarte aqui proposto é o resultado de uma reflexão sobre a atuação humana na natureza a partir dos conceitos de Todo e Duração do filósofo Henri Bergson ligados aos ensinamentos do Zen Budismo e a relação do homem com o mundo como vistos por povos ameríndios. Segundo o teólogo budista Daisetz Teitaro Suzuki, "quando se deixa a natureza alcançar os seus próprios fins, mas o homem não pode esperá-la. Ele gosta sempre de se intrometer, para melhor ou pior. Nunca é paciente. […] Bem, o chamado progresso moderno não é de nenhum modo uma bem-aventurança." Nesta mesma linha, o jornalista e ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas, Ailton Krenak, questiona "A ideia de nós, os humanos, nos descolarmos da terra, vivendo numa abstração civilizatória, é absurda. Ela suprime a diversidade, nega a pluralidade das formas de vida, de existência e de hábitos. Oferece o mesmo cardápio, o mesmo figurino e, se possível, a mesma língua para todo mundo", e complementa, "Quando, por vezes, me falam em imaginar outro mundo possível, é no sentido de reordenamento das relações e dos espaços, de novos entendimentos sobre como podemos nos relacionar com aquilo que se admite ser a natureza, como se a gente não fosse natureza." Apesar da distância entre as culturas Ameríndias e Orientais, é evidente que ambas possuem uma sabedoria comum, de coexistência entre os seres e o todo; de que o homem está ligado ao destino e duração do todo. Da mesma forma, podemos relacionar a Duração bergsoniana, que se realiza através da memória em uma coexistência virtual de todos os níveis de passado estendida ao conjunto do universo. Segundo Gilles Deleuze, em ‘Bergsonismo’, "Essa ideia não mais significa apenas a minha relação com o ser, mas a relação de todas as coisas com o ser." Afinal, segundo Krenak, a situação atual é, sim, terrível, contudo, precisamos entender que "há muita vida além da gente, não fazemos falta na biodiversidade. Pelo contrário. Desde pequenos, aprendemos que há listas de espécies em extinção. Enquanto essas listas aumentam, os humanos proliferam, destruindo florestas, rios e animais. Somos piores que a Covid-19".

Autor

Guilherme S. Guinski

  • capa do vídeo Bukabog Prelúdio, imagem não identificada.